Robert Hood é uma das figuras mais magnéticas e imponentes daquele cenáculo tão reverenciado em torno do qual foi erigida a lenda do Techno de Detroit. Desde suas primeiras aparições como parte da constelação do Underground Resistance ao lado de Jeff Mills e Mad Mike Banks, este futurista militante vem desenvolvendo uma sonoridade cuja força dançante é tão potente quanto  arcabouço conceitual que a embala é denso e fascinante. E, obviamente, partindo de seus momentos seminais mais politizados nos quais ele até deitava ácidas rimas sobre as frenéticas bases do UR até os momentos mais recentes em que se aproximou mais da planta baixa do House através do pseudônimo Floorplan, passando por monumentos ao minimalismo clássico, cuja fundamentos ele expôs há 2 décadas em álbuns como Internal Empire e Minimal Nation, e chegando aos seus modos contemporâneos de elaboração que encarnou com a alcunha Monobox.

Mas foi através de seu próprio selo, M-Plant, que ele estabeleceu as diretrizes para suas ideias e as apresentou da forma mais ousada e particular, sem concessões a modismos ou receios de managers e funcionários de A&R que não compartilhassem sua visão exata do que tudo que a música pode ser em termos de tecnologia de transcendência, todo seu potencial para nos fazer experimentar estados corpóreos e sensoriais extraordinários.

Nesta compilação viajamos por alguns dos pontos mais altos de sua produção e, apesar de se apresentar como uma tarefa hercúlea digna de uma enciclopédia do Techno, ela consegue cobrir com acuidade e diversidade boa parte do monstruoso catálogo do selo de Hood, apresentando um produto que é tão essencial para quem não conhece o gênero quanto fundamental para que já é iniciado em seus princípios.

Talvez uma coletânea como esta sirva para apresentar aos novatos o quanto o Techno se transformou no filho mais legítimo do afrofuturismo e ajudou a levar suas premissas a outro nível, ou mesmo sirva para mostrar a todos os seus acólitos o quão a frente de seu tempo se encontra este pastor batista do Alabama que ainda insiste em pregar o credo modernista para todos aqueles dispostos a dançar.

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