Em 2007, o rapper Jay Electronica surgiu na cena com o experimento “Act 1: Eternal Sunshine (The Pledge)“, mixtape/EP de 15 minutos inspirados no filme “Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças”, que foi lançada através de seu MySpace (!!!) e bombou em tempos iniciais das redes sociais e downloads online. Desde então viveu de participações, colaborações e alguns singles solos. Namorou a Erykah Badu (com quem tem uma filha), escreveu rimas pro Nas e virou o queridinho de nomes como Jay-Z e Just Blaze.

Vivendo de hype há treze anos, o rapper finalmente lançou o seu tão aguardado álbum de estreia e chacoalhou a cena. “A Written Testimony” é um discaço de rap que vai marcar 2020. Muito se deve a parceria não creditada, porém muito bem-vinda, de Jay-Z que participa rimando em quase todas as faixas, roubando os holofotes e nos lembrando seus momentos de rapper rueiro da década de 90. Electronica, porém, não fica pra trás: rimas complexas, de duplo (e até triplo) sentido e em diferentes idiomas. Comprovando que não é só o hype, seu talento é incontestável.

Mas não é só isso, a produção vem totalmente na contramão do mainstream, com beats abstratos e psicodélicos, entupidos de samples do mundo todo (inclusive brasileiros), sob os cuidados de nomes como The Alchemist, No I.D., Swizz BeatzAraabMuzik, da banda Khruangbin, além do próprio rapper.

O resultado é um álbum que deve fazer muito barulho não só pelo hype em si, mas também pela sua qualidade elevada e diferenciada. Tá no repeat aqui há dias… Faça a audição e tire a sua conclusão. A satisfação é garantida!

Ouça: Jay Electronica – A Written Testimony (Roc Nation, 2020)