O ano de 2016 marca 50 anos de um dos discos mais espetaculares da música brasileira. Trata-se do álbum “Os Afro-Sambas”, fruto da parceria de duas figuras da maior importância na nossa música: Vinícius de Morais e Baden Powell.

Em 1962, Vinícius conheceu a música de Baden Powell e ficou encantado. Providenciou então um encontro e logo em seguida um convite pra formar uma parceria com o violonista. Nessas, os dois tornaram-se inseparáveis nos anos seguintes.

Vinícius estava fascinado pelos discos ‘Sambas de Roda‘ e ‘Candomblés da Bahia‘ e Baden estava super envolvido em pesquisas com a música dos terreiros baianos e o candomblé. Ambos estavam conectados em todos os sentidos e começaram a escrever canções inspirados nesse tema.

Primeiro veio “Berimbau”, que viria a se tornar um grande clássico da música brasileira, mas não faz parte do repertório do álbum. Em seguida, aprofundaram-se ainda mais nesse tema e assim surge “Canto de Ossanha”, “Canto de Xangô”, “Bocoché”, “Canto de Iemanjá”, “Tempo de amor”, “Canto do caboclo Pedra Preta”, “Tristeza e solidão” e “Lamento de Exu”.

Em janeiro de 1966 a dupla entrou em estúdio, acompanhados do produtor Roberto Quartin (que era responsável pelo selo Forma), do arranjador Guerra Peixe e com coro do grupo vocal Quarteto em Cy. Surge então “Os Afro-Sambas”, trabalho que se tornaria um clássico antológico da música brasileira, sendo também o primeiro trabalho em que se misturam instrumentos típicos do candomblé, atabaques, bongô, agogô e afoxé com outros da música tradicional como flauta, violão, sax, bateria e contrabaixo. Guerra Peixe deu uma sonoridade rústica ao disco, como se estivesse sido gravado em um terreiro, tornando-se uma das marcas registradas do trabalho.

Teve ótimas críticas e boas vendagens na época, seu vinil original vale uma bela grana e tornou-se um clássico cult até os dias de hoje. Agora, cinquenta anos depois, essa pérola sonora ganha reedição em vinil de 1500 cópias que você pode adquirir aqui.

No fim da vida, Baden Powell renegou essas canções ao tornar-se evangélico, mas isso fica somente como um adendo.

 

Músicas:

01- Canto de Ossanha
02- Canto de Xangô
03- Bocoché
04- Canto de Iemanjá
05- Tempo de amor
06- Canto do caboclo
07- Tristeza e solidão
08- Lamento de Exu

Ficha Técnica

Os Afrosambas

Produção e direção artística:
Roberto Quartin e Wadi Gebara
Técnico de gravação: Ademar Rocha
Contracapa: Vinicius de Moraes
Fotos: Pedro de Moraes
Capa: Goebel Weyne
Arranjos e regência: Maestro Guerra Peixe
Vocais: Vinicius de Moraes, Quarteto em Cy e Coro Misto
Sax tenor: Pedro Luiz de Assis
Sax barítono: Aurino Ferreira
Flauta: Nicolino Cópia
Violão: Baden Powell
Contrabaixo: Jorge Marinho
Bateria: Reisinho
Atabaque: Alfredo Bessa
Atabaque pequeno: Nelson Luiz
Bongô: Alexandre Silva Martins
Pandeiro: Gilson de Freitas
Agogô: Mineirinho
Afoxé: Adyr Jose Raimundo