Conheci o Chuck Wild aka. Captain Planet em uma festa em Los Angeles. Trocamos boas idéias, mostrou-se super interessado pela música brasileira e me deu um vinil do EP que tinha lançado como Captain Planet. Na semana passada saiu o seu álbum solo cheio intitulado “Cookin’ Gumbo” com ótimas produções calcadas no hip-hop, downtempo e eletrônico com samples de várias partes do mundo. Como o cara tem a mesma mentalidade que eu, pediu pra que disponibilizasse seu trabalho aqui. Aproveitei e fiz uma entrevista pra acompanhar o post.
Então leiam, ouçam e conheçam o Captain Planet!

Percebe-se influências musicais de diversas partes do mundo no seu trabalho. Como começou essa sua pesquisa por músicas do mundo?
Meus pais ouviam muita música africana, brasileira e reggae, então sempre tive o ouvido ligado em sons internacionais. Eu tive sorte de viajar muito quando era moleque. Vendo e ouvindo musica de outros lugares me deixou curioso a pesquisar mais a respeito. Me mudei para NYC com 18 anos e comecei um programa semanal na rádio WNYU 89.1 FM.  Eu já tocava um mix entre o hip-hop, funk e world music e eles me ofereceram um bom horário pra tocar músicas de todas as partes do mundo, chamava-se “Passport”. Tive esse programa por sete anos. Eu ia na NYC Public Library e copiava os cd’s da seção “World Music”, devo ter a seção toda em CD.

Além do seu trabalho solo como Captain Planet, você também faz parte do grupo The Beatards. Nos fale um pouco mais dos seus projetos?
The Beatards é meu grupo. Antes do Captain Planet, eu rimava e produzia uns beats. Comecei a rimar com 16 anos e produzia meus beats numa velha Tascam de 4 canais. O Hip-Hop foi o que me introduziu nesse mundo de DJ e produção. Eu conheci o UTK e o DJO em uma festa no Brooklyn e começamos uma festa mensal chamada “Mixtape Riot!”. Eu e DJO fazíamos remixes ao vivo com 4 toca-discos e o UTK era o Mc. A festa tornou-se popular e tivemos artistas como Santigold, Spank Rock, Ninjasonik, Roxy Cottontail, Bahamadia e muito outros se apresentando conosco. Levamos essa festa pra Europa e lá escrevemos o primeiro som dos Beatards. A partir daí nos focamos mais no grupo do que na festa. Lançamos nosso álbum em setembro. Chama-se “I’m The DJ” e está em download gratuito. Eu produzo pra outros cantores e rappers também. Faço dubstep, house, electro.. Tudo com minha marca sonora pessoal.

Você também tem um blog com esse nome onde compartilha músicas de seus artistas preferidos, né? Qual a importância desse tipo de veículo de informação pra divulgação de novas cenas e músicas pelo mundo? Aproveite e nos fale um pouco sobre o MixtapeRiot.com.
Quando a festa tornou-se popular, decidi fazer um blog musical pra ajudar a compartilhar todos os artistas que tocávamos, além lançar minhas mixtapes e remixes próprios. Com freqüência digitalizava algum vinil raro que achava pra compartilhar também, mas atualmente o blog baseia-se em músicas novas. Tendo esse blog há anos, nunca tive um caso do artista pedir pra tirar a música, pois percebiam que eu estava ajudando a promove-los. Além dos sons, sempre colocava links e formas de apoia-los. Atualmente grandes selos me mandam as músicas pedindo pra coloca-las no blog. Eu só coloco coisa que considero realmente bom e fora do mainstream.

A música brasileira tem presença marcante em suas produções. Como iniciou esse contato com a nossa música? Já esteve por aqui?
Sim. Eu fui para o Brasil quando tinha 15 anos. Conheci São Paulo, Rio e Salvador. Foram grandes momentos. Conheci um fotografo da Tribo Skate (também ando de skate) e demos bons roles por aí. Eu já tinha referências pelo trabalho d’Os Gemeos, que abriram minha mente no grafite. Vi garotos batucando nas ruas de Salvador, o Olodum. Conheci as favelas no Rio. Vi uma mulher morando na rua em uma caixa de papelão com um bebê recém-nascido. A maioria dos garotos dos Estados Unidos nunca ouviram falar nisso. Tenho os CDs do Chico Science & Nação Zumbi, comprei-os em 99. Não tenho idéia do que ele está falando, mas a batida me comove e ninguém conhece isso por aqui. Hoje tem nomes do Brasil como CSS, Marcelo D2, N.A.S.A. e alguns outros que já tem certa popularidade nos US. A história do Brasilitime ajudou a popularizar a música brasileira também. O Diplo trouxe o Baile Funk pra cá. E o Gilles Peterson também ajudou bastante com suas compilações pela Ether Records. Ele veio ao meu programa promover esse álbum! É um dos meus favoritos! Eu amo boa música, de todas as épocas e lugares e o Brasil tem uma tonelada de boa música. Eu serei sempre um baterista e quando ouço a batucada de vocês fico louco.

Captain Planet – Cookin’ Gumbo

01. Ram Ad Anifinitum
02. Get You Some (ft. Brit Lauren)
03. Fumando
04. Ningane (ft. Fredy Massamba)
05. Samba Radiante 2011
06. On Yer Feet
07. Macumba
08. Lagos Speedway
09. Burn Baby Burn (ft. Brit Lauren)
10. Speakin’ Nuyorican
11. Dame Agua
12. One For Japan

Clique aqui pra baixar essa pedra.

Streaming: Cookin’ Gumbo
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Captain Planet – Secret Recipe Revealed
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ZTEc2ISxaeY[/youtube]

 

+info:
http://www.mixtaperiot.com
http://www.myspace.com/gumbofunk